Existem centenas de formas de câncer que afetam os seres humanos. Eles podem ser divididos entre tumores sólidos(p. ex. câncer de mama e pulmão) e neoplasias hematológicas (p. ex. leucemias e linfomas).

O processo de formação de uma neoplasia maligna, envolve a combinação de muitos fatores. Com a exceção das neoplasias pediátricas onde a influência da carga genética e das mutações é muito forte, nos casos de pacientes adultos o processo é decorrente do acúmulo de alguns eventos. Dentre esses, os de maior influência são:

• Tabagismo –  Em qualquer forma (inalado ou mascado), as diversas apresentações de tabaco possuem centenas de agentes carcinogênicos, que são substâncias que provocam lesão na célula normal (no DNA), predispondo a formação de neoplasias.
• Álcool – A ingestão frequente de álcool é associada a muitas formas de câncer, como por exemplo: mama, boca, estômago e esôfago.
• Exposição Solar –  Os raios ultravioleta lesam as células da pele, promovendo mutações que promovem a formação de câncer de pele como o carcinoma espinocelular e o melanoma maligno.
• Infecções – A infecção pelo vírus do Papiloma Humano (HPV) é diretamente associada à formação do câncer de colo uterino, do câncer de pênis, da cavidade oral e trato respiratório alto. A infecção pelo Helicobacter Pylori é associada a maior incidência de câncer de estômago. A infecção pelo vírus da hepatite é associada à infecção pelo vírus da hepatite B e C.
• Alterações genéticas – Existem mutações que podem ser herdadas geneticamente e predispõe ao risco aumentado de câncer, como por exemplo a polipose familiar (gene APC), onde há presença de grande número de pólipos intestinais que podem se degenerar e sofrer transformação maligna.
• Dieta –  A ingestão de uma dieta com alimentos ultraprocessados, com a adição de corantes e múltiplos conservantes, assim como embutidos e defumados com alta concentrações de nitritos e nitratos é associada a formação de câncer da via digestiva principalmente (cólon e estômago).
• Sobrepeso – O acúmulo de gordura em excesso (sobrepeso ou obesidade) aumenta a incidência de determinadas formas de câncer, especialmente câncer de mama, endométrio e próstata. Este aumento ocorre pela alteração hormonal no tecido adiposo que promove o crescimento das células tumorais.

Entendendo que a formação do câncer é multifatorial, vamos então partir para as medidas que devemos assumir em nossas vidas:

1. Não fumar.
2. Não ingerir álcool.
3. Utilizar protetor solar (FPS > 25)nas áreas expostas e evitar exposição nos horários mais quentes do dia (entre 10 h e 16 h).
4. Adotar uma dieta equilibrada, promovendo a ingestão de produtos frescos (verduras e legumes), cereais integrais, carne magra e frutas. Evitar produtos ultraprocessados (bebidas açucaradas, salgadinhos, bolachas, nuggets e farinhas processadas), defumados e embutidos (salame, bacon e salsichas).
5. Ter uma atividade física regular
6. Vacinar-se para HPV (meninos e meninas) e Hepatite B

Como entendemos do texto acima, existem fatores que não podemos modificar. Por exemplo, a herança genética que recebemos de nossos pais não pode ser alterada.

Sendo assim é importante planejarmos nossos cuidados médicos no sentido de uma possível detecção precoce de neoplasias.

Quais são essas medidas?

1. Mulheres com vida sexual, devem realizar exame ginecológico anual com coleta de citologia oncótica (Papanicolau) e serem examinadas anualmente por ginecologista;
2. Realizar mamografia anual ou outro exame de imagem indicado (p.ex. ultrassonografia ou ressonância mamária) acima de 40 anos de idade;
3. Homens devem realizar rastreamento para câncer de próstata a partir de 50 anos de idade (grupos de risco – p. ex. presença de familiar de primeiro grau com neoplasia a partir de 40 anos) com realização de PSA, exame digital e exame radiológico (ultrassom ou ressonância);
4. Realizar endoscopia digestiva alta com pesquisa de H. Pylori em caso de sintomas digestivos ou em famílias com incidência aumentada de câncer de via digestiva superior;
5. Realizar colonoscopia aos 50 anos de idade e seguir as recomendações de intervalo após o exame inicial (exceto familiares de alto risco onde o exame deve ser feito anualmente e em idade mais precoce);
6. Ex-tabagistas devem realizar anualmente tomografia de tórax sem contraste, endoscopia digestiva alta e exame endoscópico das vias aéreas superiores pelo risco aumentado de câncer de cavidade oral, pulmão, estômago e vias aéreas por até 15 anos após interrupção de tabaco.
7. Pacientes com lesões pigmentadas (escuras) devem realizar avaliação inicial com dermatologista e acompanharem eventuais lesões suspeitas através de dermatoscopia. A intenção é remover lesões pré-malignas de pele.